“Novos santos – novos cantos?”: Ofícios litúrgicos de S. Nicolau Tolentino, S. Diego de Alcalá e S. Isabel de Portugal em manuscritos de cantochão portugueses

António Alberto Monteiro Medina de Seiça (CESEM – NOVA University of Lisbon)

O calendário santoral constitui um dos elementos mais decisivos para a compreensão das particularidades culturais das diversas ordens religiosas e dioceses, tanto no plano textual, como litúrgico-musical. A investigação científica em torno dos ofícios litúrgicos medievais (historiae) tem sido particularmente fecunda nas últimas décadas; e, embora com menor amplitude, a perspectiva vai sendo alargada também aos repertórios mais tardios.

A comunicação procura inserir-se nessa linha de análise, considerando os ofícios de três “novos santos”: S. Nicolau Tolentino, S. Diego de Alcalá e Santa Isabel de Portugal, em fontes litúrgicas das dioceses de Coimbra e Braga (séculos XVI e XVII). Inscrever um santo no calendário particular, além de uma opção pastoral e teológica, representa também para os responsáveis litúrgicos a necessidade de prover esses ofícios de textos e de melodias, indispensáveis à performance ritual. No que ao cantochão diz respeito, as soluções procuram em geral ancorar-se na tradição, embora mediada pelas coordenadas estéticas do hic et nunc.

Manuscritos medievais: as intervenções de conservação realizadas na Biblioteca Nacional de Portugal

Teresa Lança Ruivo (Biblioteca Nacional de Portugal)

As intervenções de conservação e restauro em manuscritos medievais, em formato livro ou em formato avulso, revelam-se muitas vezes em casos intrincados e de desafio contínuo para os técnicos responsáveis pela sua realização. A complexidade das intervenções está directamente relacionada com os materiais constituintes desta tipologia de documentos gráficos – suporte de escrita, pigmentos, tintas, ligantes, folha de ouro, folha de prata, madeira, couro, pele, entre outros – e na sua estrutura que na sua maioria não segue modelos pré-definidos mas, sim, corresponde a modelos locais ou regionais de centros de produção dos quais não há registo escrito que possa servir de sustentação para algumas decisões referentes às intervenções de conservação. Esta condicionante é da maior relevância quando existem cada vez menos exemplares de manuscritos medievais completos e sem terem sido sujeitos a qualquer tipo de intervenção de conservação ou de restauro.

Na Área de Conservação dos Serviços de Conservação das Colecções da Biblioteca Nacional de Portugal sempre que se realiza uma intervenção de conservação em manuscritos medievais recorre-se a um planeamento aturado de todas etapas da intervenção com colocação de hipóteses de solução para eventuais problemas que possam ocorrer durante a intervenção para que esta, em si, não constitua um factor de degradação ou de destruição de evidências codicológicas dos manuscritos.

Nesta comunicação pretende-se apresentar as principais questões que surgem numa intervenção de conservação em manuscritos medievais abordando os principais materiais constituintes, os agentes de deterioração mais frequentes e a metodologia utilizada na sua execução.

Estas comunicações serão apresentadas em português.

António Alberto Medina de Seiça é investigador em formação no CESEM e encontra-se a ultimar a sua dissertação de doutoramento, sob orientação científica do Prof. Doutor Manuel Pedro Ferreira, em torno do repertório de cantochão na época do humanismo, que tem como foco central um largo conjunto de códices da Catedral de Coimbra dos princípios do séc. XVII. Tem colaborado com o CESEM no projeto Portuguese Early Music Database, com descrição de manuscritos musicais. No plano da prática musical, tem trabalhado como director coral: Coro Litúrgico de Tentúgal (1987-1998); Coro Litúrgico de S. José (1998-2013); Coro da Sé Catedral de Coimbra (2009-2013); Coro do Santuário de Fátima (2013-2016); Capela Gregoriana Psalterium (desde 1999) e Coro Vox Aetherea (desde 2000). É bolseiro de doutoramento da FCT.

Teresa Lança Ruivo realizou o Curso de Conservação e Restauro pela Escola Superior de Conservação e Restauro em 1993. Obteve a licenciatura em 1995 ao efetuar o Curso de Estudos Superiores Especializados pela Escola Superior de Artes Decorativas e, em 2013, concluiu o mestrado em «Estudos do Património» pela Universidade Aberta. Presentemente, é titular de uma pós-graduação em Ciências da Documentação e da Informação pela faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Desde 1997 até à presente data tem vindo a desempenhar funções de responsável pela conservação das colecções da Biblioteca Nacional de Portugal colaborando com diversas instituições na conservação dos seus acervos documentais e realizando diversas formações nessa temática e realizando várias formações e workshops nessa temática.

II Seminários Interdisciplinares de Investigação

Manuscritos em Diálogo

Os seminários interdisciplinares de investigação Manuscritos em Diálogo são organizados conjuntamente pelo CESEM e pelo IEM. Estes seminários foram concebidos como eventos didácticos, com o intuito de divulgar informação útil para o estudo e descrição de diferentes tipologias de manuscritos medievais, com especial enfoque nas fontes ibéricas. Com estes seminários pretendem-se criar pontes entre académicos de diferentes domínios promovendo o diálogo entre eles.

A primeira série de seminários Manuscritos em Diálogo teve lugar no segundo semestre de 2018 na FCSH-NOVA. Os estudos apresentados abordaram assuntos relacionados com a cópia de manuscritos de cantochão, as liturgias do Ocidente e do Oriente, conservação e restauro de manuscritos medievais, e iconografia musical.

A nova série de seminários acontecerá mensalmente entre Setembro de 2018 e Janeiro de 2019. As comunicações serão apresentadas em português, castelhano, italiano e inglês. Todas as sessões são gratuitas e abertas ao público em geral.

Os seminários de investigação Manuscritos em Diálogo são organizados por Elsa De Luca e Alicia Miguelez.

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