Gisele Pires Mota
Doutora em Piano Performance- Acompanhamento e Música de Câmara pela Florida State University (EUA) Gisele Pires Mota possui mestrado em Performance Musical pela Universidade Federal de Goiás sob orientação de Lúcia Barrenechea e especialização em Performance Pianística pela Universidade de Brasília como aluna de Elza Kasuko Gushikem. Foi professora de piano, música de câmara e correpetidora da Escola de Música de Brasilia por 15 anos e em 2016 conquistou o 1o. lugar no Concurso para Professora Efetiva de Piano e Estruturação Musical na Universidade de Brasília, posicão que ocupa atualmente. Participou de cursos e master-classes com Margot Garret, Warren Jones, Simone Dinnerstein, Moura Castro, Sergei Dukachev entre outros. Se apresentou com instrumentistas e cantores da Itália, Romênia, Costa Rica, Rússia, Coréia, Japão, Estados Unidos bem como músicos de renome nacional. Tendo como umas de suas principais característica a versatilidade, além da atuação como pianista solista e camerista, Gisele Pires Mota correpetiu diversas óperas e peças teatrais. EM 2014 lançou o CD “Luz e Névoa – Canções de Câmara de Alberto Nepomuceno”t; com o tenor André Vidal sendo este o primeiro registro somente com canções em português do compositor. Faz parte do Grupo de Pesquisas do CNPQ “APHECAB” investigando no acervo de Hermelindo Castello Branco o repertório cancional produzido por compositoras brasileiras. Como pesquisadora, tem desenvolvido estudos e publicado artigos sobre a inter-relação entre poesia e música, entre análise e performance musical e sobre o mercado de trabalho do pianista. Suas pesquisas relacionadas ao piano na música brasileira de concerto abarcam também música de câmara e canção de câmara. É coordenadora do Laboratório de Pesquisas Pianísticas (LPP) no Departamento de Música-UNB pesquisando repertório brasileiro para piano solo, principalmente de compositoras. Em Agosto de 2019 inicia sua pesquisa de pós-doutoramento sobre composições do século XXI para piano solo no CESEM da Universidade Nova de Lisboa, Portugal.
Durante mais de vinte anos como docente e intérprete pude perceber a grande ênfase na aprendizagem e performance pianística de repertório majoritariamente dos séculos XVIII, XIX e dos primeiros 30 anos do século XX. Dessa forma, o aluno pianista é exposto ao dito repertório canônico do período histórico estilístico barroco, clássico e romântico e experimenta o repertório do século XX atraveés das obras de alguns compositores da França e Rússia como C. Debussy, S. Prokofiev e A. Scriabin. No repertório citado, alunos e profissionais não experimentam uma formar de tocar que não somente através do contato dos dedos com as teclas. Entretanto, no século XX o piano foi um dos principais instrumentos fonte para experimentos em timbre, ritmo e dinâmica que podem ser exemplificados em obras de Henry Cowell, John Cage, George Crumb, Karlheinz Stockhausen, entre outros. Algumas razões para falta de contato com o repertório contemporâneo durante o processo educacional do pianista são o desconhecimento das composições pela falta de acesso às partituras e a inabilidade de reproduzir técnicas pianísticas diferenciadas, específicas para esse tipo de repertório. Tanto o Brasil (Ferreira, 1996 e Oliveira, 2014). quanto Portugal (Lima, 2014 e Moreira, 2015) enfrentam um duplo problema quanto ao repertório de recitais, concertos e currículos de/para piano: a falta de repertório nacional nos programas e, mais especificamente, a falta de repertório nacional do século XXI . Este resumo se refere a pesquisa de pós-doutoramento que se iniciou em Agosto/2019 na qual os objetivos são mapear o estado da arte em que se encontram as experimentações pianísticas no ambiente luso-brasileira nos últimos 30 anos, 1988-2018, e instigar um debate comparativo apontando aproximações e distanciamento nos usos de técnicas não convencionais no uso do instrumento piano. O levantamento desse repertório servirá de ponto inicial para pesquisas verticalizadas em tópicos específicos como obras de compositores, tipos de técnicas estendidas mais utilizadas, aplicações pedagógicas e implicações performativas. A metodologia do presente projeto de pesquisa prevê duas fases distintas de levantamento de repertório para piano solo composto entre 1988-2018: uma pesquisa in loco em Portugal para arrolamento do repertório composto por compositores e compositoras portugueses (Azevedo, 1998; Fernandes, 2015; Harper, 2013; Moreira, 2015) e o retorno ao Brasil para continuação do levantamento do repertório composto por compositores e compositoras brasileiros. O parâmetro para classificação de técnicas pianísticas estendidas será a catalogada nos estudos de Luk Vaes (2009).