O CESEM – P.PORTO é um pólo do CESEM, sedeado na ESMAE – Politécnico do Porto, e constituído, na sua maioria, por docentes da ESMAE. Actualmente tem em curso os seguintes projectos de investigação:
1. Inventariação, catalogação e digitalização do Espólio musical do Fundo do ex-Museu de Etnografia e História – Porto. Trata-se de preservar, numa primeira fase, e divulgar, à posteriori, um importante acervo musical que se encontra na posse da Direcção Regional da Cultura do Norte e que contém, entre outros, manuscritos dos compositores Lucien Lambert (1861-1945) e Hernâni Torres (1881-1939). Para a concretização do projecto foi celebrado um protocolo com a Direcção Regional da Cultura do Norte.
2. O velho Teatro de S. João do Porto (1798-1908): património e cultura teatral no Norte de Portugal. O objectivo deste projecto de investigação foi estudar a actividade da principal sala de espectáculos do Porto oitocentista, numa perspectiva interdisciplinar, juntando um arquitecto, historiadores de teatro e musicólogos. Entre 29 e 30 de Setembro de 2017 realizou-se no Teatro Nacional de S. João o colóquio “O velho teatro de São João do Porto (1798.1908): História, culturas e políticas do espectáculo operático e teatral no longo século XIX” (https://cesem.fcsh.unl.pt/event/coloquio-o-velho-teatro-de-sao-joao-do-porto-1798-1908/). Até meados de 2020, prevê-se a publicação do livro O velho Teatro de S. João (1798-1908): teatro e música no Porto do longo século XIX (c. 350 pp., ilustrações), coordenado por Luísa Cymbron e Ana Isabel Vasconcelos, que será publicado pelo CESEM e pelas Edições Afrontamento, com o apoio do Teatro Nacional de S. João.
3. A prática do cânone como ferramenta de aprendizagem: Uma abordagem didática para o ensino e interpretação da polifonia renascentista, projecto desenvolvido por Pedro Sousa Silva. [Ver site do projecto]
4. O Cantor e a Comunicação da E-moção no Canto Lírico: estudo dos Biosinais envolvidos na indução de conteúdos emotivos veiculados durante a performance do canto. A partir da leitura de Biosinais, e utilizando como auxiliar no processo de medição a interação pessoa-máquina, este projeto pretende investigar como o conteúdo emotivo é veiculado através do canto lírico. O objetivo principal deste estudo é recolher Biosinais (EDA – Atividade Eletrodérmica), através de um dispositivo tipo BITalino, a partir dos quais será viável aferir a indução das emoções veiculadas através da performance do canto lírico quer no público, quer no performer.
5. MARCOS PORTUGAL – LA DONNA DI GENIO VOLUBILE: Esta ópera foi composta por Marcos Portugal para o Teatro San Moisè de Veneza, e lá estreada a 5 de Outubro de 1796. Dois anos depois, subiu à cena em Génova e Dresden. A estreia portuguesa aconteceu em Lisboa, no Teatro de São Carlos, a 23 de Novembro de 1799, ano em que seria também cantada em Barcelona, no Teatro Principal e em Milão, no Teatro alla Canobiana. Em 1801 integrou a temporada lírica do Teatro Caños del Peral, em Madrid. No ano em que se comemoram os 220 anos da inauguração e os 110 do incêndio do primeiro Teatro de S. João, La Donna di Genio Volubile regressa ao Porto, ao sucessor do teatro onde subiu à cena, a 19 de Novembro de 1805. Convêm acrescentra que de todas as suas óperas, foi La donna di genio volubile que maior alcance teve, com cerca de 80 produções em Itália e no resto da Europa, ao longo de mais de 20 anos. A estreia da ópera de Marcos Portugal é feita pela partitura utilizada em 1805, copiada e oferecida pela soprano Carolina Grifoni, prima-donna da companhia lírica do S. João, à Viscondessa de Balsemão, D. Maria Rosa Brandão Alvo Godinho Perestrelo Pereira de Azevedo. A partitura, a única cópia manuscrita da ópera existente em Portugal, pertenceu à Sociedade Filarmónica Portuense (1840-1880), a mais destacada sociedade de concertos do Porto de meados do séc. XIX. A fusão da Sociedade Filarmónica com o Club Portuense, em 1880, levou a que este tenha ficado com todo o espólio musical da Filarmónica, espólio que conservou nos seus arquivos até aos dias de hoje (Ana Liberal). A partitura autógrafa não sobreviveu e o libreto (texto) da produção original reproduz a versão original. Cópias subsequentes da música, assim como edições posteriores do libreto são todas da versão revista, mas introduzem ainda outras alterações (de propósito ou por lapso). Por estes motivos, o estabelecimento de uma edição moderna fiável exige o uso de múltiplas fontes, quer do texto quer da música. A fonte musical principal utilizada para a presente edição é uma partitura manuscrita, em dois volumes, que se conserva no Clube Portuense. Tendo sido copiada em Lisboa, no Teatro de S. Carlos, terá sido usada para a produção no Porto, no Teatro de S. João, em 1805. Tivemos recurso igualmente a manuscritos em Dresden e Madrid. Quanto ao texto, foi necessário usar cinco edições (Veneza 1796, Florença 1797, Lisboa 1799, Rovigo 1803 e Porto 1805) de modo a esclarecer questões de texto, pontuação e direções cénicas. A edição foi realizada por Tiago Videira, sob a nossa orientação, no âmbito do Projeto Marcos Portugal (David Cranmer). A estreia moderna aconteceu nos dias 6 e 7 de Julho de 2018, no atual Teatro Nacional de São João, no Porto, sob a direção artística de António Salgado, a encenação de António Durães e a direção musical de José Eduardo Gomes. Teve como solistas alunos da pós-graduação em ópera e da licenciatura em música (canto) da ESMAE; a orquestra foi constituída por alunos da licenciatura em música da ESMAE, direção de cena da ESMAE, figurinos da ESMAE, cenários da ESMAE, e desenho de luz da ESMAE. A produção da ópera foi uma co-produção entre a ESMAE e o TNSJ. A primeira dessas récitas foi gravada e filmada pelos Serviços de Audiovisuais da ESMAE, e um DVD foi editado sob a coordenação de Marco Conceição. Atualmente, o projeto trabalha na edição crítica da partitura completa e da vocal score da opera La Donna di Genio Volubile de Marcos Portugal (António Salgado).
Membros integrados
Madalena Abranches de Soveral Torres