Ana Gaunt (née Sá Carvalho)

Ana Gaunt é doutoranda na Universidade de Oxford e membro do The Queen’s College, onde trabalha sob orientação de Owen Rees.
Concluiu a sua licenciatura e mestrado na Universidade Nova de Lisboa, sob orientação de Manuel Pedro Ferreira e foi bolseira de investigação no projecto ‘Intercâmbios Musicais: 1100 – 1650’. Dentro deste projecto, colaborou essencialmente na introdução de manuscritos na Portuguese Early Music Database. É actualmente bolseira de doutoramento da FCT. Encontra-se no momento a preparar a edição em livro da sua dissertação de mestrado, sobre o códice polifónico de Arouca.
Sobre este mesmo tema publicou na Revista Portuguesa de Musicologia v.2 n.1 (2015) e num capítulo do livro Musical Exchanges 1100-1650 (Kassel: Reichenberger, no prelo). Desde Janeiro de 2015 tem participado regularmente como oradora nas conferências internacionais da Royal Music Association – Research Students’ Conference e Medieval and Renaissance Music Conference.
Concluiu com sucesso o segundo dos exames internos do seu doutoramento (‘Confirmation of Status’) em Março de 2017.
‘The Arouca Polyphonic Codex’, Musical Exchanges (Kassel: Reichenberger, no prelo).
‘O códice polifónico de Arouca’, Revista Portuguesa de Musicologia, v. 2 n.1 (2015), 61-78.
Schulhoff: Complete Music for Violin and Piano [Notas ao cd], (Brilliant Classics, 2016).
O mosteiro de Arouca tornou-se, a partir do segundo quartel do século XIII, sob o patronato de Dona Mafalda, uma das mais importantes casas cistercienses femininas em Portugal. Enquanto instituição religiosa abastada e de renome, a música sempre desempenhou na liturgia deste mosteiro um papel fundamental. Os seus livros com notação musical têm desde há muito despertado o interesse de diversos musicólogos, interesse este que se revelaria fundamentado pela descoberta, feita por Manuel Pedro Ferreira em 1992, da mais antiga peça polifónica até ao momento conhecida em Portugal, um hino a São Bernardo de Claraval. Em 1947 Dom Mauro Fábregas descobriu neste mosteiro um livro de coro, o único do espólio de Arouca que contém exclusivamente reportório polifónico de compositores ibéricos dos séculos XVI e XVII. Um Magnificat de Morales, diversos Alleluias de compositores como Manuel Mendes, Francisco Velez, Simão dos Anjos ou João Leite de Azevedo, bem como uma missa paródia sobre a canção «O gram Senhora», de um misterioso Brasil, são algumas das obras de interesse neste códice. Uma série de marginalia, apontando para a execução instrumental de baixão e viola da gamba tornam o códice ainda mais rico e lançam alguma luz sobre as práticas interpretativas no contexto do convento de Arouca. Embora já parcialmente estudado, o códice de Arouca é pela primeira vez objecto de investigação mais aprofundada, uma contribuição que se crê relevante para o estudo da prática de polifonia sacra no século XVII português.