Niccolò Jommelli redescoberto: António Jorge Marques recebe distinção internacional
O ensaio Niccolò Jommelli redescoberto: um novo autógrafo de um Laudate Pueri a 16 vozes, de António Jorge Marques, recebeu menção especial no 6th Principe Francesco Maria Ruspoli Musicological Studies International Prize.
Este ensaio é sobre o único autógrafo de Niccolò Jommelli existente na Península Ibérica e que pertence ao Fundo Conde de Redondo da Biblioteca Nacional de Portugal. A falta do primeiro caderno – onde estava originalmente registado o nome do autor, o título e o ano de composição, além da instituição a que se destinou – implicou que a obra permanecesse anónima até 31 de Agosto de 2006, altura em que uma análise caligráfica comparativa permitiu identificar o autor. Posteriormente foi possível descobrir que se trata do salmo Laudate pueri Dominum a 16 vozes e baixo contínuo (com a indicação da utilização de três órgãos), composto para a cerimónia de Segundas Vésperas da Festa de S. Pedro e S. Paulo, e estreado com pompa e magnificência a 29 de Junho de 1750 (ano jubileu) na Basilica di San Pietro em Roma. É uma obra única no contexto da produção policoral sacra de Jommelli: o extenso catálogo temático de Wolfgang Hochstein, Die Kirchenmusik von Niccolò Jommelli (1714-1774), não regista nenhum exemplo para mais de dois coros (8 vozes). Além de ser a obra de estreia de Jommelli na basílica vaticana, utilizou um coro colocado no varandim por baixo da grande cúpula, a uma distância de cerca de 53 metros dos coros colocados junto ao altar. As soluções policorais aí contidas demonstram um alto grau de experimentação do ainda inexperiente maestro assistente em San Pietro. O Laudate pueri Dominum terá sido enviado ao Rei D. José I pelas irmãs do compositor, suas herdeiras, poucos meses após a morte de Niccolò ocorrida a 25 de Agosto 1774