Inauguramos as acções de pesquisa do triénio (2023-2026) da Cátedra Manoel de Oliveira/Unisalento com o projecto “A linguagem musical como expressão da intersubjectividade em filmes de Manoel de Oliveira”. A intersubjectividade refere-se às manifestações e avaliações (implícitas ou explícitas) dos interlocutores a respeito do conteúdo enunciado no processo enunciativo (Hengeveld; Mackenzie, 2010) e é construída de maneira especial na linguagem cinematográfica, que é essencialmente multimodal.

Para Manoel de Oliveira, “a música é uma das quatro colunas que sustentam o templo do cinema, juntamente com a imagem, a palavra e o som”. Portanto, pretendemos investigar como a linguagem/o discurso musical coopera para a representação da (inter)subjectividade na sua obra, a partir da análise das estratégias discursivas usadas para produzir os efeitos pretendidos pelo autor.

Manoel de Oliveira activa a sensibilidade musical do espectador para construir emoções, vibração emocional e explora diferentes diálogos entre a música e os elementos narrativos, cénicos e temáticos dos filmes. Na sua poética, essa exploração apresenta-se de diferentes maneiras: da construção da ironia macabra em O Passado e o Presente (1971) e dos vínculos contextuais atmosféricos de O Convento (1995), até às interações intercriativas a serviço das especificidades da produção fílmica em si, como aquela com Maria João Pires em A Divina Comédia (1991), o libreto de João Paes para Os Canibais (1988), ou a persona de Pedro Abrunhosa em La Lettre (1999).

A investigação tem como base teórica princípios da Linguística Funcional Clássica (Dik, 1989; Halliday, 2002; Hengeveld; Mackenzie, 2010; Casseb-Galvão, 2015, 2015a ) e da Linguística Cognitiva (Silva et al., 2024; Silva 2020, Langacker, 2008, entre outros).

A organização da conferência, que terá lugar no Auditório A14 do Colégio Almada Negreiros, é da responsabilidade do Caravelas – Núcleo de Estudos da História da Música em Portugal e no Brasil/CESEM.