João Pedro Figueiredo Costa
É mestrando em Ciências Musicais – vertente Musicologia Histórica – na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e membro do Núcleo de Estudos em Música na Imprensa (NEMI), núcleo este pertencente ao Grupo Teoria Crítica e Comunicação (GTCC) do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM). Em 2017 concluiu a licenciatura em Musicologia pela Universidade de Évora e foi bolseiro de investigação. As suas áreas de interesse centram-se nos gostos musicais e nas redes de sociabilidade entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do seguinte, tanto em Portugal como no Brasil e com especial foco no jornalismo musical.
O final do século XIX e início do seguinte, é considerado pela historiografia portuguesa um período de relativa estabilidade política e financeira (Bernardo 2001, 21), de surgimento de novas vias de transporte e comunicação, e entre outros, da fundação de periódicos em várias localidades que permitiram, em simultâneo, a difusão da cultura local e uma melhor perceção do que se passava, não só do país, mas também do mundo. Tal como no restante país, também Évora foi atingida por esses “progressos” que tiveram um importante papel na difusão da cultura musical, não só através proliferação de sociedades musicais e musico-teatrais, mas também pela inauguração do Teatro Garcia de Resende – considerado “primeiro theatro do paiz, que não fica atraz de Lisboa e Porto” (Diario do Alemtejo 1892, 2 de junho, 1). Este edifício proporcionou uma constante circulação de companhias teatrais e musico-teatrais, bem como de agrupamentos ou individualidades musicais, atenuando assim, o fosso cultural que existia entre Évora e as outras cidades portuguesas. Focando no tema da dissertação, através dos periódicos, espólios de sociedades e de famílias, pretende-se tratar o gosto musical, os espaços e as redes de sociabilidade tanto “classes dominantes” como das “dominadas” – conceitos definidos por Karl Marx (2017) e empregues por Pierre Bourdieu (2010) –, comparando-os, não só entre si, mas também entre os das classes de outras localidades.