O Renascimento da Salve Regina. Cantos Marianos Medievais de Aveiro: Fontes musicais, Contexto Específico de Género e Performance

O projecto RESALVE explorou o património musical do Convento de Jesus da Ordem Dominicana feminina de Aveiro entre 1461 e 1525. Centrando-se no património cultural imaterial dos cânticos dominicanos, em particular nos belos cânticos marianos, este projecto de investigação estudou as várias utilizações do canto na liturgia. A investigadora examinou a antífona Salve Regina como um estudo de caso, além de diferentes ciclos de ofícios para Maria e outras figuras femininas de santos, revelando conhecimentos através de métodos musicológicos e históricos. Reconhecendo a ameaça do desaparecimento desta tradição cantada, o projecto sublinhou a importância das apresentações artísticas, da investigação de campo nas comunidades religiosas contemporâneas e das gravações para a sua preservação. A iniciativa do grupo vocal Kantika procurou reavivar os cânticos de Aveiro, estabelecendo uma ligação entre os espectáculos de música antiga e o público moderno. O projecto também investigou a interação entre aspectos locais e pan-europeus no seio da ordem dominicana durante o período tardo-medieval, incrementando a relativamente inexplorada tradição do canto medieval tardio em Portugal. Para além dos círculos académicos, o projecto contribuiu para a preservação do património cultural da Península Ibérica, ultrapassando as actuais fronteiras políticas – um aspecto inovador no estudo de novas fontes e na disseminação do conhecimento, promovendo a colaboração entre universidades e organizações. A combinação única de investigação científica e revitalização artística, com a incorporação de técnicas vocais contemporâneas, proporcionou uma nova perspectiva sobre os cantos medievais, evitando a mera hibridação em prol de um som original e homogéneo. O RESALVE assenta firmemente na interacção metodológica com outras disciplinas como a história, a hagiografia, a liturgia, a filologia, o género e os estudos artísticos e, por isso, participa numa narrativa informada e coerente sobre o canto medieval, relativa não só a Portugal mas também a um espaço europeu mais abrangente.