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Conferência Internacional “A Ópera e a Cidade Tecnologias de Deslocamento e Disseminação”
24/06/2019 - 25/06/2019
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A Ópera e a Cidade
Tecnologias de Deslocamento e Disseminação
Organização:
CESEM
Project PROPERA “The Profanation of Opera: Music and Drama on Film”
Oradores principais:
David J. Levin (University of Chicago / Department Cinema and Media Studies)
Martha Feldman (University of Chicago / Department of Music)
Paulo Ferreira de Castro (Universidade Nova de Lisboa / CESEM)
Comité Científico:
Jelena Novak (Universidade Nova de Lisboa / CESEM)
João Pedro Cachopo (Universidade Nova de Lisboa / CESEM)
Mário Vieira de Carvalho (Universidade Nova de Lisboa / CESEM)
Mais informação aqui
Desde o seu nascimento em Itália por volta de 1600, a ópera manteve uma relação estreita com o espaço urbano e a esfera pública. A maioria dos teatros de ópera foram erigidos nos centros de grandes cidades, neles adquirindo o estatuto ambíguo de templos seculares e locais de entretenimento, em que a apreciação de arte erudita coexistia com a representação do poder social, político e económico, bem como, em certos casos, com algum convívio popular. Sendo verdade que o desenvolvimento do género operático é inseparável da ascensão da cidade moderna, certo é também que muito mudou desde a inauguração do primeiro teatro de ópera público, o Teatro San Cassiano, em Veneza, em 1637.
A emergência e o aperfeiçoamento de tecnologias capazes de reproduzir o som e a imagem desde finais do século XIX foram um factor decisivo nestas transformações. Graças a elas, tornou-se possível ouvir – e mais tarde ver e ouvir – ópera sem assistir a uma representação ao vivo. Além disso, com o advento da sincronização sonora no cinema, nada obstava a que a representação de óperas ocorresse num local que não um teatro. Mais tarde, graças ao medium televisivo, a transmissão em directo do espectáculo operático tornou-se uma realidade, uma que as novas tecnologias digitais vieram entretanto aperfeiçoar.
Este colóquio pretende discutir o impacto da tecnologia na ópera contra o pano de fundo da sua relação com a cidade. Eis a pergunta, em que deslocamento e disseminação se encontram entrelaçados, que nos servirá de ponto de partida: de que modo o desenvolvimento de tecnologias audiovisuais permitiu que a ópera se tornasse audível e visível para além do teatro ao mesmo tempo que encorajou a sua migração para outros espaços? Das transmissões em directo de teatros de ópera para salas de cinema à criação de novas óperas em praças, estações, fábricas, piscinas e transportes públicos, passando por projectos comunitários como The Bicycle Opera Project ou Operndorf Afrika, e por festivais ao ar livre como o da Arena de Verona ou o “Festival ao Largo” promovido pelo Teatro Nacional de São Carlos, muitas são as práticas que convidam a esta interrogação.
Apesar do seu proclamado declínio, a ópera goza hoje de uma surpreendente vitalidade. Isto verifica-se quer no campo da recepção quer no campo da produção, sendo que novas formas e encenar e criar ópera são experimentadas a cada ano que passa. Incidindo sobre o nexo entre ópera, tecnologia e cidade, é igualmente para esta vitalidade que esta conferência pretende chamar a atenção. O desafio de partida abre-se pois a uma discussão tão aberta e abrangente quanto possível, acolhendo questões de dramaturgia, crítica, recepção, remedição, tecnológicas, composicionais, entre outras.