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O CAVALEIRO AZUL: CHARLES ROSEN 1927-2012
20/10/2022 - 22/10/2022
O Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical em colaboração com o Conservatório “A. Corelli” de Messina e a Fundação Eng. António de Almeida têm o prazer de anunciar o Colóquio Internacional Bilateral “O Cavaleiro Azul: Charles Rosen 1927-2012”, que terá lugar no Porto, entre os dias 20 e 22 de Outubro de 2022.
O título do colóquio remete para o título da revista, de excepcional importância histórica, Der Blaue Reiter. Publicada na primeira década do séc. XX, a revista constituiu-se como um importante veículo na divulgação de ideias novas e radicais sobre a arte, um lugar de partilha de experiências, rico em implicações estéticas, entre Schönberg e Kandinskij.
Mas Der blaue Reiter é, antes mais, o título de uma pintura figurativa do mesmo Kandinskij, representando um cavaleiro vestido com uma capa azul a cavalgar num campo inclinado de cor verde-ouro. O pintor russo, convidado a explicar o significado da pintura, afirmou ter ficado fascinado pelo mito do cavaleiro medieval, e ter representado esse cavaleiro como símbolo da luta do espírito contra o materialismo. Assim, retomamos essa ideia para lembrar Charles Rosen, cavaleiro da música.
Completando-se em 2022 dez anos do falecimento do pianista e musicólogo americano, este colóquio é uma boa oportunidade para prestar uma homenagem a esta figura de excepção, relembrar o seu legado musicológico e artístico, julgar e apreciar colectivamente a actualidade do seu pensamento: por um lado, no que diz respeito à sua pesquisa sobre o Classicismo Vienense e sobre os inúmeros aspectos do período Romântico e Moderno; por outro lado, a oportunidade de retomar as suas sugestões críticas que, ainda que não desenvolvidas, são, no entanto, aberturas epistemológicas interessantes para um investigador de hoje.
Rosen foi uma das personalidades musicais mais influentes do último meio século, pela combinação única da profundidade do seu conhecimento musical, da sua enorme cultura, da agudeza do seu olhar crítico, pela sua capacidade de ligar as observações sobre os dados técnicos da música ao background estético e ideológico na origem das composições, mas também pela atenção que deu aos problemas práticos da performance e às implicações teóricas do acto interpretativo na música.
Com seus ensaios e monografias, Rosen percorreu o repertório da música clássica de Bach a Carter, baseando-se na ideia de que as obras-primas dos mais diferentes períodos e estilos encontram-se, todas, no mesmo plano ideal, que constitui o thesaurus plural mas unitário da música ocidental. Ninguém mais do que Rosen realçou o repertório do século XX, desde o clássico ao de vanguarda, justificando-o do ponto de vista da fenomenologia da música, da poderosa dialéctica das línguas, estilos, autores, obras particulares, que formam o delta da Neue Musik. Ninguém mais do que Rosen testemunhou a necessidade de orientar a reflexão musicológica no sentido interdisciplinar, abrindo a investigação às relações, que hoje devem ser reafirmadas, do panorama musical com o da literatura, da pintura, dos costumes, da história das ideias, até mesmo da ideologia e da política. Resultante dessa postura, surge um conjunto de obras-primas críticas de Rosen: The Classical Style, The Romantic Generation, Sonata Forms, Beethoven’s Piano Sonatas, o ensaio sobre Schönberg, bem como os inúmeros ensaios sobre estética musical e história da música.