Rui Magno Pinto
Rui Magno Pinto (*1980) é doutorando em Ciências Musicais Históricas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), colaborador interno do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM – FCSH – NOVA) e membro associado da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (SPIM) e do Internationale Gesellschaft zur Erforschung und Förderung der Blasmusik (IGEB). A sua dissertação de doutoramento, orientada pelo Professor Doutor Paulo Ferreira de Castro, discute a “emergência de uma cultura sinfónica em Lisboa entre 1860 e 1911.” Concluiu em 2010 na mesma instituição de ensino o mestrado em Musicologia Histórica, com a dissertação “Virtuosismo para instrumentário de sopro em Lisboa (1821-1870)”, e em 2007 a licenciatura em Ciências Musicais. Foi bolseiro dos seguintes projectos de investigação, financiados pela FCT e ministrados pelo CESEM: “Património Musical – Fundação Jorge Álvares” (Julho a Dezembro de 2011) e “O Teatro de São Carlos: as artes performativas em Portugal (Outubro de 2007 a Setembro de 2010).
[2016] – “The Portuguese Symphonic Poem (1884-1909)”, XII International Congress on Musical Signification Proceedings, Louvain-la-Neuve, Belgium, 2013.4-2-6 (no prelo).
2014 – “Operatic content and form in the nineteenth-century Portuguese wind-instrument repertoire, Internationale Gesellschaft zur Erforschung und Förderung der Blasmusik 20th Meeting (Coimbra, Portugal)”, Alta Musica, Band 31, 2014, pp. 179-220.
2010 [2007] – Luís Miguel Santos & Rui Magno Pinto: João Pedro d’Alvarenga, Estudos de Musicologia, [Lisboa, Edições Colibri, 2002] in Revista Portuguesa de Musicologia 14-15, 2004-2005, Lisboa: Zéfiro, pp. 226-229.
2008 – A Música para piano na Madeira (CD-ROM) (coord. com Paulo Esteireiro), Colecção Madeira Música, Funchal, Secretaria Regional de Educação, Direcção Regional de Assuntos Culturais, Gabinete Coordenador de Educação Artística.
A morosa transição de uma programação concertística especialmente enfocada na exibição de géneros operáticos e de obras instrumentais coevas de fácil agrado – várias das quais destinada à exibição das competências técnicas e expressivas de um particular intérprete – para as “monumentais” “obras-primas” dos “grandes mestres”, dos “sacros” alemães, dos “profanos” franceses, dos compositores nacionalistas, defendida, sob a égide do “idealismo musical”, na imprensa periódica especializada com especial ímpeto desde a década de 1870, foi incentivada numa vasta miríade de iniciativas promovidos por empresas concertísticas nacionais e estrangeiras e realizados desde o dealbar da segunda metade do século por orquestras das corporações de músicos profissionais, das academias de músicos amadores e dos estabelecimentos de ensino artístico, assumindo especial proeminência a seminal actividade desenvolvida em Lisboa por renomeados maestros estrangeiros e orquestras dos principais centros musicais europeus. Apesar do seu precoce fracasso, os “concertos a grande orquestra” realizados em Lisboa entre 1860 e 1911 contribuíram para a emergência de uma cultura sinfónica que se consolidou no meio musical da capital portuguesa no período republicano, graças a, entre outros factores, ao estabelecimento de séries concertísticas regulares, que tomavam a anterior relevância das récitas do “teatro italiano” de Lisboa, então encerrado. A progressiva transformação da programação concertística manifestou-se expectavelmente na composição portuguesa tardo-oitocentista e primo-novecentista, observando-se, entre outros aspectos, o progressivo abandono da escrita de obras “triviais” em estruturas livres e a consequente adopção de géneros sinfónicos programáticos e retoma das estruturas sonatísticas clássicas.