Filarmónica Enarmonia: Ensino de instrumento e Prática musical de conjunto para pessoas cegas e com baixa visão

Concretizado no âmbito da 3.ª edição do programa PARTIS – Práticas Artísticas para a Inclusão Social – da Fundação Calouste Gulbenkian, o projecto Filarmónica Enarmonia toma como fins garantir o acesso à aprendizagem e à prática musical conjunta a alunos cegos e de baixa visão e promover a confraternização entre participantes e entre aqueles e o público, para que haja uma desmistificação e normalização relativa à pessoa com deficiência visual e às suas competências e potencial artístico. Mais de 40 crianças, jovens e adultos com deficiência visual e normovisuais usufruíram de aulas semanais de instrumentos de sopro e percussão, formação musical, musicografia braille, treino auditivo, memorização e ensaios de conjunto, em contexto de banda filarmónica, bem como de concertos e outras actividades artísticas com outros agrupamentos musicais.

As equipas procuraram incrementar, a par do aperfeiçoamento artístico, a melhoria de competências sociais, emocionais e cognitivas – a diminuição do estigma resultante da prolongada restrição do seu acesso à prática musical, o sentido de igualdade de oportunidades e de integração social, o espírito de posse e pertença a um movimento artístico, as competências de memorização, a concentração, o estímulo ao empenho e motivação, a confiança, a capacidade de superação e a concertação com a frustração. Mais, procurou promover-se o convívio de familiares e a partilha artística de deficientes visuais e normovisuais, e, por conseguinte, o espírito de entreajuda, coesão familiar, bem como a aceitação do outro e a compreensão pró-social.

Por fim, pretendia-se, nos concertos públicos da Filarmónica Enarmonia, sensibilizar a sociedade para a naturalização da pessoa cega, fomentar a minimização dos preconceitos e da complacência com que os indivíduos com deficiência visual são acolhidos, e fazer grassar a admiração e a perceção da importância e do empenho de todos para a equidade social. Membros das equipas artística, social e tecnológica têm partilhado os resultados do projecto em acções de formação, no sentido de habilitar a comunidade docente dos conservatórios e academias de música.