O Imaginário do Violão Brasileiro
Resumo
O projecto intitulado O Imaginário do Violão Brasileiro investiga como a indústria cultural contribuiu para a construção de um imaginário violonístico no Brasil entre 1930 e 1960. Parte-se da premissa de que a figura do violonista brasileiro consolidou-se como um estereótipo no final dos anos 1950. A expressão “violão brasileiro” é tratada não como um conceito, mas como uma denominação que reflecte um componente nacionalista, ligado aos movimentos nacionalistas do início do século XX, especialmente sob a influência do governo de Getúlio Vargas. Esse período é marcado pela expansão da radiodifusão e da indústria fonográfica, elementos fundamentais para uma indústria cultural emergente, que contribuíram para a popularização do termo. O estudo foca em três fontes principais: a “Discografia Brasileira em 78 RPM (1902-1964)”, a imprensa periódica brasileira disponível na Hemeroteca Digital – BNDigital – Fundação Biblioteca Nacional e a consulta dos 78 RPM da Coleção Ronoel Simões, que é composta por documentos e discos dedicados ao violão. Por meio da análise documental e fonográfica, a pesquisa busca mapear a presença e a representação do violão nessas fontes, explorando informações registradas nos selos dos discos, como catálogo, matriz, gravadoras, dados de intérpretes, compositores e acompanhadores. E através da análise à imprensa periódica, identificando padrões de utilização do termo, e compreendendo a influência das publicações periódicas na sua formação e na sua propagação enquanto expressão, espera-se contribuir para um entendimento mais aprofundado sobre a importância do violão enquanto símbolo e forma de imaginação na identidade nacional, musical, cultural e histórica. Do ponto de vista teórico, a investigação fundamenta-se em conceitos de identidade cultural e estereótipo, com base em autores como Stuart Hall (1992, 2003, 2006), Homi Bhabha (1998), Benedict Anderson (2013) e Edward Said (1978), discutindo como estereótipos e a mercantilização da música contribuíram para a criação de um imaginário em torno do “violão brasileiro”.