MARCMUS – Estudos de papel de música e caligrafia em Portugal (séculos XVIII e XIX): O estudo de caso da colecção do Conde de Redondo
Resumo
MARCMUS pretende lançar as bases para um Centro de Estudos de Papel de Música e Caligrafia e, ao mesmo tempo, estabelecer a crítica de fontes musicológica portuguesa de acordo com os padrões internacionais.
O projecto visa registar sistematicamente e preservar digitalmente as marcas de água e os tipos de papel (a conjunção da marca de água e o número e tamanho das pautas desenhadas pelos rastra) dos manuscritos musicais do Fundo do Conde de Redondo (guardado na Biblioteca Nacional de Portugal). Também gravará as caligrafias literárias e musicais dos copistas e compositores envolvidos. A página online do projecto permitirá o acesso gratuito às bases de dados correlacionadas resultantes (marcas de água / tipos de papel e caligrafias). A base de dados de marcas de água também estará disponível no Bernstein Project: the Memory of Paper, o maior projecto internacional de seu tipo (em 10 idiomas), que inclui 53 colecções e mais de 300.000 marcas de água pesquisáveis (www.memoryofpaper.eu).
Desde o final dos anos 1950, quando Alfred DÜRR (1957) reviu completamente a datação das cantatas de Bach através de uma comparação detalhada das marcas de água, a crítica de fontes revolucionou a maneira como os estudiosos examinam as partituras musicais. Outros estudos semelhantes dignos de menção contribuíram muito para a cronologia das obras de Mozart e Beethoven (TYSON, 1975 e 1987, JOHNSON et al, 1985). Questões de autoria e procedência também beneficiaram marcadamente com os estudos de papel: “Mesmo uma reprodução imprecisa de uma marca de água pode levar o pesquisador a obter materiais suficientemente semelhantes para fornecer pistas vitais para pesquisas futuras” (LARUE, 1998). Se o estudo da marca de água for complementado pelas dimensões da pauta e pela identificação de caligrafias, a precisão – e, portanto, a utilidade – das descobertas será muito melhorada. Numa escala mais ampla, o fabricante de papel de música e a relação com seu usuário final – o compositor ou o copista – trazem à tona considerações relevantes de trocas culturais e comerciais, que também serão valiosas para o historiador.
Consultores
Maria José Ferreira dos Santos | Museu do Papel Terras de Santa Maria; International Association of Paper Historians (IPH)
Maria del Carmen Hidalgo Brinquis | Asociación Hispánica de Historiadores del Papel (AHHP); IPH
Emanuel Wenger | Bernstein Project: the Memory of Paper; IPH